Meu avô garimpava no rio
No embornal
Uma meia de pinga
Uma marmita de farofa
Palha para o fumo de rolo
Meu avô bateiava no rio
Dia a dia
Sol a sol
À noite ele manejava a máquina de projeção do cinema
Fred Astaire dançava na tela
Gina Lolobrígida tinha olhos estranhos e penetrantes
E Casinha Pequenina arrancou lágrimas de muita gente
Depois o cinema mudou de endereço
Vieram os filmes de kung fu
Meu avô morreu de complicações hepáticas
A televisão chegou e acabou com o cinema
O rio secou
E nem se usa mais garimpar com bateia
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
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6 comentários:
Bento,
lindo poema. carregado de emoção. isso transparece.
abraço pra ti
Querido Bento!
E eu que não sabia que tinhas este lindo blog!
E que poema este último!...
Sugestivo, evocativo, singelo, verdadeiro... como sempre.
Tu me deixas com nostalgia de um tempo e de um lugar que não foi o meu...
Beijos, poeta das Minhas Gerais del Rei e do Vale encantado
Lu
cláudio:
muitos avós garimparam.nestes vales de minas sempre se dá um garimpo.
romério
Meu grande poeta!!
Seja a sua poesia minha fonte de inspiração!!!
Great!!!
celia mara
Meu caro poeta;
Sempre fico feliz quando uum poeta mantém a história de sua vida-e seu entorno de origem situacional e familiar -presente em seus versos.
Você fala de pessoas e coisas de sua terra de uma forma saborosa e bela.Parabéns,sempre.
Clevane Pessoa de Araújo Lopes
Ah poeta, esse garimpo lembra na gente outros que a gente guarda na alma e de repente brilha a gota nos olhos a emoção do coração de ler e ouvir a sonoridade da música de sua poesia. Grande abraço
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